11 junho 2007

Alcochete, se...

A opção da Ota tem mais de 30 anos…Mais recentemente, com Durão e Santana, continuaram a fazer-se estudos. Foram já gastos cerca de 40 milhões de euros! Por essa razão, tive sempre grande reserva quanto à aversão generalizada que se foi instalando quanto à opção Ota. Afinal, a oposição, especialmente o PSD, esteve também envolvida em tal opção. Tempo e dinheiro gastos para entreter? Esta forma de fazer política, ao sabor dos ciclos do ser governo ou oposição, não é de todo responsável… Adiante.

Vamos ao que interessa: o governo cedeu em solicitar estudos comparados, respondendo assim à pertinente questão colocada por Cavaco Silva. É de notar que a intervenção do PR ocorreu pouco tempo antes da CIP apresentar o estudo Alcochete, o que aconteceu precisamente hoje. Coincidências ou talvez não.

Para mim, o grande calcanhar de Aquiles da opção Ota foi, e continua a ser, o custo da obra nesse local - mais de 3000 milhões de euros, particularmente devido aos trabalhos de terraplenagem e de drenagem. De resto, e fazendo fé em estudos técnicos, será viável a construção do aeroporto nessa região.

Conhecendo razoavelmente a sua localização geográfica e orografia, a opção Alcochete parece-me boa. Tanto mais que o custo da obra poderia ficar por um terço do valor estimado para a Ota. Ou seja, na frieza dos números: 1 Ota = 3 Alcochetes!!!

Ponte Vasco da Gama, nova ponte do Carregado a norte, que liga ao concelho de Benavente, boas infra-estruturas, terrenos de propriedade do Estado, são vectores importantes a considerar na opção Alcochete.
Imagino que a Quercus vai levantar objecções a esta opção, que se situa na vizinhança do estuário do Tejo, um habitat de excelência para muitas aves. Já aquando da construção da ponte Vasco da Gama, a Quercus tinha objecções ou reticências, acenando com um provável decréscimo da população de flamingos…Felizmente, nada disso se veio a verificar. E agora, como vai reagir?

Sendo devidamente acautelados e minimizados os impactos negativos que se possam vir a sentir na população natural da região, com a construção do novo aeroporto, esta opção poderá ter pernas para andar.
Mas com um compromisso tácito, direi eu: que não se destrua o montado que ladeia a EN 118, entre Alcochete e Porto Alto, propriedade da Companhia das Lezírias e vizinha do hipotético aeroporto. Lembremo-nos que esta área esteve na génese do caso “ Portucale”, onde chegou a ocorrer abate de sobreiros. É de facto uma zona apetecível para romper e urbanizar, se não houver escrúpulos…

Façam o aeroporto em Alcochete, mas não se esqueçam de preservar aquele tampão de descontinuidade que por ora existe, entre Alcochete e Porto Alto. Se o objectivo não for esse, direi então: ALCOCHETE, NÃO OBRIGADO
!

06 junho 2007

Ship


O dia hoje convida a uma ship trip...



Ship ( pintura ): José Dias

01 junho 2007

A trafulhice

Esta questão das despesas ilegais, algumas mesmo com recusa expressa, já deixa de ser uma questão a ser resolvida pelo Tribunal de contas. Terá que ser a PJ a entrar em campo, pois haverá certamente casos de corrupção.

A responsabilização dos infractores com multas e reposições é uma falácia! Com os montantes envolvidos, duvido que as reposições cubram alguma vez os gastos. Se o(s) governo(s) continuarem a não afastar definitivamente esta classe de dirigentes Chico-Espertos, alguns deles, mesmo para a pildra, de nada vale este trabalho do TC. Mas sobretudo, tenham o bom senso de não os transferirem para as empresas públicas, CGD e outros apetecíveis purgatórios.

Se a classe dirigente for a primeira a violar a lei, sem consequências, de que estarão à espera do cidadão comum…?!

PS: ainda têm a lata de afirmar que as famílias portuguesas se endividam muito, que gerem mal...Pudera, com estes exemplos!

31 maio 2007

Ontem, hoje

Ontem mesmo, tive que me despedir da empregada de limpeza do condomínio! Ela, que tinha flexibilidade de horário e pagamento generoso quando comparado com os valores do mercado…Mas que tinha um problema: faltava muito, exceptuando o dia do pagamento!
Contratei uma empresa que me apresentou um orçamento de valor igual àquele que a antiga empregada cobrava! Uma empresa legal, obrigada a pagar impostos e a garantir o seguro dos seus trabalhadores.

Já nada é como antigamente.
A greve de ontem mostrou contornos de pouca adesão. A falta de oportunidade e a miscelânea de objectivos, terão sido alguns dos seus pontos fracos.
O sindicalismo também tem que mudar, autonomizar-se, ser mais responsável e credível. Tal como a postura do governo e dos patrões. Afinal, não é com solidariedade paternal, nem com má-fé e rasteiras, que este país irá a algum lado!

30 maio 2007

Greve


O direito à grave é inalienável!

29 maio 2007

Francesco

De vez em quando lembro-me da grande música que fazia o maestro...E volto a ouvir sem me cansar!

24 maio 2007

A agenda


Quanto tempo, atenção e energia nos roubam este governo e os media com os casos do professor suspenso, o da lista nominal de grevistas, entre outros.

E nós que podíamos estar a fazer outra coisa!

19 maio 2007

O castigo


Os deuses tinham condenado Sísifo a empurrar sem descanso um rochedo até ao cume de uma montanha, de onde a pedra caía de novo, em consequência do seu peso. Tinham pensado, com alguma razão, que não há castigo mais terrível do que o trabalho inútil sem esperança.

Albert Camus: - O mito de Sísifo


Mountain ( pintura ) - José Dias

17 maio 2007

Lá vai Lisboa!

As eleições intercalares foram marcadas pela Governadora Civil para prazo inferior ao estipulado pela lei. Este atropelo à lei constitui uma machadada forte nas candidaturas independentes. Quer se goste ou não de qualquer um dos candidatos independentes ( Helena Roseta e Carmona Rodrigues ), não é isto o que está em causa. Têm, por isso, toda a legitimidade em reclamar!

O ex-vereador Sá Fernandes apelou a uma eventual coligação, que poderia englobar partidos, associações, movimento de cidadãos, excluindo no entanto, aqueles que mais contribuíram para o actual estado de coisas.
Poderá ter sido espontâneo o apelo de Sá Fernandes, ele que não é certamente um político de tarimba… Por que razão então, o coro indignado, como se ele tivesse feito um crime de lesa-majestade?

E caiu o carmo e a trindade, especialmente por parte do PCP, considerando que este “extemporâneo” apelo não passava de uma “manobra de propaganda pessoal do candidato Sá Fernandes”. Surpreendeu-me Ruben de Carvalho, político que tinha como pessoa equilibrada, pouco politiqueiro!

Fiquemos por aqui.

O PS vai sozinho, fazendo o que lhe parece mais conveniente. Helena Roseta, se conseguir as 4 000 assinaturas, irá como independente, sem apoio de quaisquer partidos. E está no seu direito. Sá Fernandes, será apoiado pelo BE. E o PCP, farol do comunismo em Portugal, também tem que ir, pois claro.

Definitivamente, a plataforma era demasiado grande para uma esquerda, que convenhamos, é pequena, apesar do enorme rótulo!

16 maio 2007

Canal memória



CASA PIA

CASA PIA

CASA PIA

CASA PIA

CASA PIA




( consta mesmo que houve vítimas, a quem o Estado indemnizou. A justiça era lenta. O processo ainda decorre…)

11 maio 2007

O rio

Haveria tanto outro espaço para edificar a Agência Europeia de Segurança Marítima e do Observatório Europeu da Droga e Toxicodependência … Mas qual quê, teria que ser mesmo na borda do rio e no cais Sodré! Apesar de todas as rejeições às críticas, como seria de esperar, a APL (re)tarda em perceber uma coisa: que o espaço ribeirinho não pode ser uma zona de sua utilização exclusiva e preferencial.

09 maio 2007

Francia e Berlusconi


Com as devidas proporções, para um italiano trata-se de um filme já visto: aquele de uma esquerda incapaz de responder ao neo-conservadorismo sem complexos de um Berlusconi ou de um Sarkozi, de fazer o seu aggiornamento e de contra-atacar, não sobre o terreno da diabolização mas sobre aquele das ideias. O verdadeiro risco para a democracia, não são nem Berlusconi nem Sarkozi. O verdadeiro risco é o de ver, à semelhança da Itália dos últimos anos, um debate público empobrecido, reduzido à clivagem PCS (“ por ou contra Sarkozi”)- Adriano Farano.

06 maio 2007

A Viagem

Tudo o que fazemos na vida, mesmo o amor, fazemo-lo no comboio expresso que corre em direcção à morte. Fumar ópio é deixar este comboio em andamento, é ocuparmo-nos de outra coisa em vez da vida ou da morte.

Jean Cocteau: “ Ópio “

03 maio 2007

Bye bye Carmona

Que grande desilusão o mandato de Carmona, sobretudo para aqueles que votaram nele. Há quem tivesse visto nele, o competente, o engenheiro, o professor, o técnico, razões que à partida dariam alguma garantia para um desempenho minimamente honesto.
Nada disso!
Além de não apresentar um projecto para Lisboa- afinal, a razão de ser de uma candidatura municipal-, a prestação dos serviços básicos tornou-se caótica aos olhos dos munícipes! Foi também um executivo que andou nítidamente com a cabeça no ar, e agora a prestar contas à justiça.

Bye Bye Carmona!
Agarre numa Harley Davidson, faça-se à estrada, mas deixe Lisboa seguir o seu rumo!

02 maio 2007

In PT


Ou por outras actividades ou por falta de inspiração, tenho andado arredado da escrita nos blogues. Por vezes leio no Público as referências a alguns blogues…São normalmente, à imagem dos jornais, transcrições sobre uma actualidade mediática devorada até à exaustão, que afinal pouco interessa para a vida de cada um. Só que, neste caso, veiculadas pelos “jornaizinhos” digitais. Um exemplo da notícia-tipo incide sobre a evolução do estado de saúde do Eusébio ou sobre as comemorações do 25 de Abril!
( Também não podia esperar que os jornais fizessem menção a textos de blogues que polemizem sobre a corrupção na Câmara Municipal de Lisboa ou sobre as vicissitudes na Independente…)

Apesar do optimismo tímido que por vezes perpassa do programa televisivo de António Barreto quando cita as liberdades conquistadas, no seu excelente Retrato Social, acho que tudo isto ainda é muito pouco.
33 anos não foi muito tempo para apagar o cinzentismo e o servilismo que sempre caracterizaram a sociedade portuguesa! 33 anos não foi o tempo suficiente para se interiorizar a verdadeira cidadania. E parece-me que poucos estarão interessados em agitar as ...mentes!

25 abril 2007

25 de Abril

Lembrar Abril!
Recordar duas figuras que a História jamais esquecerá: Salgueiro Maia e Zeca Afonso!

24 abril 2007

Liberdade

A liberdade, “ esse nome terrível escrito na carruagem das tempestades “ está na origem de todas as revoluções. Sem ela, a justiça parece inimaginável aos rebeldes. No entanto, vem um tempo, onde a justiça exige a suspensão da liberdade. O terror, pequeno ou grande, vem então coroar a revolução.


O Homem Revoltado- a revolta histórica – Albert Camus ( trad. livre)

21 abril 2007

Swing guitars


Uma proposta musical para esta tarde de sábado: Swing Guitars de Django Reinhardt.




Pintura: José Dias

20 abril 2007

Uma espécie de simbiose

De incongruência em incongruência, a novela da licenciatura de Sócrates parece interminável!
No entanto, olhando para alguns dos acontecimentos vindos a lume, fica no ar a sensação que a licenciatura de Sócrates na Independente foi pouco mais que um
passeio ao domingo na marginal do facilitismo reinante…

De facto, a classe política sempre se mostrou, neste e noutros casos, que vive num limbo intocável, muito acima do comum dos mortais, tirando partido da posição que ocupa nos meandros do poder.
Por outro lado, é conhecida a propensão de certas entidades individuais ou colectivas, em ceder ou fazer o jeito, de forma à obtenção de vantagens, especialmente perante órgãos do poder.
Em simbiose quase perfeita, até um dia!

No meio deste quem-fez-o-quê, há um facto que é indesmentível: competiria aos órgãos do poder, regular e fiscalizar o funcionamento das Universidades. Frouxos, em labirintos de conveniência como é apanágio do centrão, nunca o fizeram! Disso, aproveitou o aluno Sócrates, hoje PM, também ele responsável.
E agora TODOS sacodem a água do capote: o(s) mais visado(s) tenta(m) reenviar todas as responsabilidades para a tal instituição universitária; os outros, usam o facto como arma de arremesso político, tentando ignorar que também têm culpas no cartório.

Perante o olhar de descrédito do cidadão comum, com poucas esperanças em ver uma luz ao fundo do túnel da justiça nos casos mais mediáticos, fica uma interrogação: que espécie de democracia é esta?

17 abril 2007

Azeite

“Os investimentos são espanhóis e o azeite é português. O sector bateu no fundo na década de 90. Agora começa a ter nova vitalidade.”, como é dito aqui.

E ainda bem, diremos nós! Só não acho bem uma coisa: que os proprietários dos terrenos, que beneficiaram de significativa valorização infraestrutural após intervenção do Estado, como acontece no empreendimento do Alqueva, estejam isentos da tributação de mais-valias - e que são de monta - com a venda a terceiros. A espanhóis ou seja a quem for…

12 abril 2007

À procura do espaço público

Em vez do espaço público impera a televisão. Esta última poderia ser um meio extraordinário de criação de democracia. Mas é o contrário, e em múltiplos sentidos, que não podem ser aqui analisados.
José Gil : " Portugal Hoje - O medo de existir "

04 abril 2007

Hibernação

Feita a mala, escolhidos alguns CDs e livros, preparo-me para partir por período de curtas férias.

A previsão para esse período é a seguinte:
Estado do tempo: instável
Estado de espírito: em alta
Estado do blogue: em hibernação.

03 abril 2007

O aeroporto

Independentemente da acesa polémica que a construção do novo aeroporto de Lisboa tem gerado, e que vai certamente continuar a gerar, não se compreende a razão pela qual a CML patrocina um estudo comparativo entre a Ota e outras localizações!

A má gestão da CML é pública, as dívidas à banca e aos fornecedores são um fardo, a não aplicação de fundos para os trabalhos camarários mais básicos é sentida pelos munícipes. Não obstante, Carmona Rodrigues continua a exibir um sorriso patético!
Estas são razões mais que suficientes para que o executivo camarário abandone esta veleidade de querer patrocinar estudos para localizações de aeroportos, que no meu entender, não passa de uma mera tentativa de querer apagar o que de mau este mandato tem revelado.

Além de não ser de sua competência, não será tal estudo comparativo mais um gasto supérfluo, à imagem de outros a que a CML já nos habituou?

02 abril 2007

Visual


O amigo Luís Martins revela finalmente um talento adormecido. Muito em breve vai mostrar num espaço da CML alguns dos seus trabalhos.


“ Barco “ – Luís Martins

01 abril 2007

Verdes anos


Voei cedo do ninho, muito novinho, experimentando essa bela sensação de nos sentirmos donos do nosso destino. O primeiro trabalho contribuiu para essa mudança, uma outra terra surgia na estrada. Casa partilhada com dois amigos, foi a solução mais prática. Além de mais, era um espaço de convívio. Música, leitura, conversa, visitas, festas…
Nessa terra estabeleci amizade com a C., que na altura vivia em concubinato com um amigo. A mãe de C. era a Irene, uma mulher divorciada, que tinha quase o dobro da idade da filha. Por sinal, C. era apenas alguns meses mais nova que eu.
Irene, vestia-se como nós, ouvia também Bowie e Lou Reed, vivia quase nesses nossos verdes anos. Quase…pois às vezes, mesmo sem querer, soltava o seu lado maternal. Talvez por isso, os seus jovens amigos reagiam, por vezes de forma jocosa, irreverente.
Irene partilhava a sua casa com Y., uma morena insinuante, afectuosa, cuja presença poderia fazer supor ser sua filha. Uma agradável companhia para Irene. A casa, uma moradia térrea com um pequeno jardim, era um espaço aprazível.
Eu era um dos amigos que também frequentava a casa de Irene, havia momentos. Apesar da retórica irónica, de contornos niilistas, que era imagem do grupo em permanente contraste com aquela da cool Irene, acabávamos sempre por passar naquele oásis – a casa de Irene. Irene, tratava-nos bem, convidava-nos para jantar, era amiga; Y. dava-nos mimos, sentada na perna deste ou daquele, deixando-se ficar por aí.
Tendo como fonte esse tal grupo de amigos da casa, sucediam-se ao longo do tempo as paixões periódicas de Irene. Primeiro era um, depois outro, mais tarde um outro…Irene apaixonava-se sentidamente, perante a indiferença dos seus amigos que podiam ser seus filhos. Por vezes, no meio de uma festa mais bebida, lá continuava na cama a sua paixão do momento.
Uma noite, já cansado da dança, da festa e da bebida, acabei por aterrar numa cama dum dos quartos daquela casa. Até que fui acordando lentamente, à medida que ia sentindo uns dedos que corriam o fecho das minhas jeans. Era Irene…

30 março 2007

Instante Um


Foi com o instante zero que dei início a esta aventura bloguística. Nessa altura, não sabia se teria disponibilidade para me “manter no ar”, se iria ter gosto pelas linhas que me propunha desatar. Era uma incógnita!
Por outro lado, pelo formato que desenhei para o blogue, dispensei a abertura da caixa de comentários.
Passados dois meses, comecei a pensar que poderia abrir a caixa de comentários… Para permitir a recepção e a publicação de comentários aos conteúdos propostos, quando assim entendido.
E assim, passada a fase experimental, eis chegado este novo instante.

29 março 2007

Qual população?

Em Estatística, a amostra tem que ser um subconjunto da população, de forma que as suas características possam ser extrapoladas para a população, ajustando-as a uma lei de distribuição adequada. E na definição do tamanho da amostra, o condutor/investigador do estudo, deverá previamente ter em conta o grau de confiança que pretende estabelecer.

Depois deste preâmbulo, acho completamente abusivo que se ouça por aí que “ os Portugueses escolheram Salazar como o melhor de sempre…”. De facto, nem ocorreu qualquer sondagem, nem houve qualquer amostragem aleatória, nem mesmo se pode falar dos erros ou da sua teoria.
Esta “ vitória “ tem a mesma significância que aquela do Zé dos Anzóis de qualquer Big Brother, em que familiares, amigos e simpatizantes escolhem o seu favorito por chamada telefónica associada a um custo. Alguns não telefonam uma vez, telefonam várias ou muitas vezes. A significância desta vitória é igual à daquele grupo de dezenas de pessoas que se deslocaram a Santa Comba Dão, manifestando-se pró-museu Salazar. Ou seja, nem mesmo se pode falar de representatividade...

Que sondagem ou amostragem seria esta, onde não é contemplada a possibilidade da abstenção do não sabe/não responde?
Neste país de sociólogos, e nestas circunstâncias, eu recuso-me sequer a esboçar qualquer tentativa de análise ou de interpretação de resultados sobre o acontecimento “ os Portugueses escolheram Salazar “!
À margem do fenómeno, fica uma dúvida: será só a estupidez da iliteracia ou haverá por aí alguém com vontade de reescrever a História?

27 março 2007

Cuidado com o caimão!

Pode parecer pedantismo, mas não é …( aliás, vejo as notícias ou um jogo quando a bola me interessa, dou uma espreitadela no Mezzo, faço zapping para a Odisseia, entre outros).
Mas voltando à vaca fria: nem uma única vez aconteceu, ter dado uma olhadela ao tal programa/concurso para eleição do “ melhor português de todos os tempos ”!
Será que me estou a afastar vertiginosamente da realidade do meu Portugalzito?

Este termo – Portugalzito - ocorreu-me em associação, ao ver uma cena de “ Caimão”, o último filme de Nanni Moretti.
Na tal cena, uma personagem, o produtor cinematográfico polaco Sturovsky, goza com o seu interlocutor, o produtor/realizador Bruno Bonano, ao falar-lhe jocosamente da sua surpreendente Italiazita. Dizia-lhe o polaco, em bom italiano: quando se pensa que ela já bateu no fundo, o pior ainda está para vir…

Pelo que transparece do filme, o poder viciante da televisão da era Berlusconi, onde não faltam shows com as habituées coristas louras, redondas e torneadas segundo convencionais padrões estéticos, ia desbravando, abrindo alas para a sua futura governança populista e corrupta.
Nesta Bella Italia mostrada por Moretti, enquanto uma esquerda tristonha se ia perdendo na postura maçadora do politicamente correcto, o italiano vero era seduzido de forma embrutecida por esse tal mundo virtual…
Mas que réptil!

26 março 2007

Festejos

A abrir os festejos assistir-se-á à Farsa Eleitoral.
Diante dos eleitores, com máscaras e orelhas de burro, os candidatos burgueses, vestidos de palhaços, dançarão a dança das liberdades políticas, limpando a cara e a testa com os seus programas eleitorais de múltiplas promessas, e discursando com lágrimas nos olhos sobre as misérias do povo e com voz metálica sobre as glórias da França; após o que todos eleitores bradarão solidamente e em coro: hi ho! hi ho!

Paul Lagargue- “ O Direito à Preguiça “ - 1883

23 março 2007

Espaço verde


Enquanto neste espaço verde se fazem comunicados contestando alegados atrasos nas transferências de verbas para as juntas de freguesia, alheado de polémicas continua o munícipe.
O que é dado a observar em várias zonas da cidade, é a incúria e o deixa andar naquilo que deveria constituir a prestação dos serviços camarários básicos.
Na fotografia do pseudo espaço verde que é aqui ilustrado, observa-se que foram feitas a limpeza e a deservagem do local, seguidas de depósito do lixo no centro da área, não sendo sequer pensado que o mesmo deverá ser evacuado para local ou vazadouro apropriado.

Afinal, para quê tanto corpo técnico, tantos assessores, tantas empresas municipais ao serviço da CML se a sua competência deixa tanto a desejar?
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PS: faço votos para que o meu comentário no tal espaço verde não seja censurado!
PS2:Afinal, nada mais óbvio: o meu singelo comentário foi censurado pelo tal blogue de propaganda pessoal, um apêndice da CML! E também não ví qualquer resposta que tivesse aterrado na Inbox do meu correio electrónico.

22 março 2007

Emoções sociais


Estou a pensar nas reacções que levam a preconceitos raciais e culturais e que se baseiam em emoções sociais cujo valor evolucionário residia no detectar de diferenças em outros indivíduos - porque essas diferenças eram indicadoras de perigos possíveis - e no promover de agressão e retraimento. Este tipo de reacções deverá ter produzido resultados extremamente úteis numa sociedade tribal, mas não é nem útil nem aceitável numa sociedade actual.



António Damásio – “ Ao Encontro de Espinosa”

21 março 2007

Equinócio


E acontece o Equinócio da Primavera, com a duração da noite igual à duração do dia, das marés vivas, da erosão na costa...



" Falésia na costa do Meco "

20 março 2007

A cidade das pessoas

Com tantas viagens por esse mundo fora no passado, e também, pelos movimentos migratórios mais recentes, é natural que esta terra já tenha um cheirinho a melting pot de culturas.
Por vezes ouço histórias que envolvem pessoas de diferentes nacionalidades, de Cabo Verde a Moçambique, da Índia ao Leste, que se misturam e convivem, ou pelo trabalho ou pela sua vida social.
S., que trabalha numa IPSS, conta-me que após as férias, é frequente receber presentes daquelas pessoas que revisitam os seus países de origem. Presentes feitos de coisas simples, como o de uma peça de artesanato ou o de um pacotinho de caju torrado, uma recordação das suas terras.
Há dias, S. dizia-me: amanhã vou almoçar uma cachupa, feita por uma trabalhadora originária de Cabo Verde, para a qual está convidada toda a equipe do nosso local de trabalho. Para completar o convívio, não faltará também quem traga sobremesas e outras iguarias, adiantou ela.
Mas quando eu lhe perguntei, dias mais tarde, “ então, como foi a cachupa? “ , S. sorriu e disse-me que tudo não tinha passado de uma partida, ao jeito do Carnaval…A cachupa simplesmente não aparecera para saciar o apetite dos convivas presentes, ao contrário das sobremesas e iguarias que não faltaram!
No entanto, a brincalhona autora da partida, não quis deixar os seus créditos por mãos alheias. E para não defraudar ninguém para lá do espanto geral, encontrou uma solução na hora: dirigiu-se a um take away, comprou refeições e voltou para o local de trabalho onde finalmente se desenrolou a comezaina.
No meio do repasto improvisado e em plena cavaqueira, a autora da partida deixou no entanto uma promessa: logo que possa, vou mesmo fazer a cachupa!

19 março 2007

Ser

Um dos valores que mais estimo e preservo é a liberdade. Mesmo no relacionamento privado, com o outro, tenho que me sentir livre. Aquele que dá mostras de ser familiarmente invasivo, possessivo, de fácil pancadinha nas costas, terá pouca probabilidade para a passagem para outro nível de relacionamento, quedando-se esse pelo mais elementar.
Talvez por ser essa a informação inscrita no meu código genético, continuo a olhar com repugnância tudo o que mostra contornos de frete, de caciquismo, de beijar a mão, de pôr-se a jeito
.

15 março 2007

Do esplendor

O anão, sempre de gravata, irrepreensível, de pele cor de celofane amarrotado, chegava a seguir ao almoço caminhando como um boneco de corda nos sapatinhos de verniz, de boquilha na boca, a esfregar uma na outra as mãos minúsculas, colocadas na extremidade de braços que mal lhe roçavam as narinas, e instalava-se numa cadeira, a balouçar as pernas, diante do tabuleiro de cartão.
Ganhava a vida como porteiro num restaurante de Alfama…


António Lobo Antunes – “ explicação dos pássaros “

14 março 2007

Sexo, mentiras e farsa

Há dias encontrei por acaso a doutora MR, naquele almoço rápido e típico do come-em-pé, que diga-se de passagem, não é o lugar mais agradável para encetar qualquer conversa.
A doutora MR - estamos em Portugal – é uma jurista de uma instituição de que o marido já foi vice-presidente, ainda numa altura em que havia alguma decência no preenchimento de lugares de responsabilidade. O marido já é reformado, ela para lá vai caminhando, é o que me disse. Talvez por estar em plena fase final da sua vida activa, conversou comigo de forma aberta, em jeito de balanço. A simpática senhora falou de um presente nada abonatório, onde a politiquice e o caciquismo são os valores que fazem a lei…Dizia ela: “ Há hoje pessoas ( broncos) que têm posições de direcção, que não sabem alinhavar um parecer ou desenvolver uma ideia numa folha de papel A4” . E interrogava-se ela: “ Como é que a avaliação de desempenho na horizontal (!), duma colega minha, foi determinante para lhe valer a excelência e a progressão na vertical? “
Ora, a mim, o que me tocou, foi de ouvir tais considerações, vindas de uma pessoa que tenho como idónea, que não é esquerdista ou sindicalista, comunista ou bloquista, rótulos que hoje são imediatamente colados a alguém que faz um comentário parecido, que possam constituir um grão para a engrenagem montada neste meio gelatinoso.

De facto, a cara MR tem toda a razão. O sexo tem o seu espaço próprio, até tem mesmo um mercado de trabalho…Sabemos da importância da libido, e não só pelos estudos de Freud, de como o sexo é determinante para a saúde pública.
Porém, misturar sexo com trabalho, sexo com progressão, é gozar com o pagode!

Bebi o meu cafezito, comí o pastel de nata, despedi-me e saí. À medida que ia andando, pensava para os meus botões: há gestores que nem sabem o que isso é, mas mesmo que soubessem, nunca precisariam de utilizar a programação linear.

12 março 2007

Boa Viagem


A Primavera deu sinais de querer penetrar por entre as copas das árvores frondosas que subsistem na Serra da Boa Viagem, daquelas que têm vindo a resistir a fogos e à avidez de gente pouco escrupulosa enquanto os olhares permanecerem permissivos.

10 março 2007

Terra Incógnita


Nas suas fotografias a preto e branco encontra-se sempre um tom brando. Ele nunca foi importuno, nas suas imagens vê-se que as pessoas que ele retrata têm confiança nele “, escreve Henning Mankell, bem e de forma verdadeira, a propósito do Sérgio Santimano, num dos textos incluídos no belíssimo livro Terra Incógnita.
Um livro de fotografias da vida e gentes da região do Lago Niassa, Moçambique, realizado pelo amigo Sérgio, com o qual tive o privilégio de ser presenteado antes do seu regresso à Suécia.

Para quando a distribuição desta magnífica edição escrita em português e inglês, em Portugal?

09 março 2007

Azar

J. era um bem sucedido vendedor de tapetes de Arraiolos. Tinha uma loja no Chiado, vendendo os tapetes para Portugal e para o estrangeiro. Dormia descansado…Pensava ele que, caso o negócio conhecesse piores dias, poderia interromper a licença sem vencimento de que dispunha, e voltar a ser funcionário público. Ou porque o negócio começou a fraquejar, ou por outra razão qualquer, J. abandonou a sua actividade empresarial, retornando ao instituto onde esteve desde sempre vinculado.
O presidente desse instituto, um amigo de longa data, recebeu J. de braços abertos. Pudera, há anos que J. tinha alugado ao tal presidente, um pai de família numerosa de sete filhos que por sinal era contra os métodos contraceptivos, uma casa na capital. Por valor irrisoriamente baixo, verdadeiramente de amigo.
Apesar de estar completamente a leste das novas actividades, que nada tinham a ver com tapetes de Arraiolos, o presidente daquele eminente instituto guindou imediatamente J. para uma posição de chefia destacada, imediatamente abaixo dele. Uma troca de favores, afinal.
Começava então a nova ascensão de J.! A mulher dele é também colocada em posição de chefia intermédia, o filho é colocado numa empresa que J. passa a tratar com deferência, novos negócios vão surgindo com empresas “amigas”.
Quando ocorrem mudanças de governo, J. sobrevive sempre, aliás, como acontece com outros colegas do seu centrão.
Até ao dia onde aparece uma vaga de reformas, um ténue passo, uma tentativa de regenerar uma podre administração pública.

E já nada é como antigamente: o instituto está em míngua, as chefias são em menor número, insuficientes para todas as “bolhas” do centrão…Agora, é mesmo só para quem tiver cartão do partido do poder!
E J., não tendo um cartão da cor da moda, nem sendo conterrâneo ou familiar do Big, acabou por saltar! Ou melhor, voar no seu tapete de Arraiolos, para poiso incerto. Teve azar!

PS: Este governo teria, nos dias de hoje, uma oportunidade única para acabar de vez com a mediocridade decorrente do “oportunismo do cartão”. Porque não o está a fazer?

07 março 2007

Urbe


Gosto desta “ Urb”!
Prédios em plena acção de resistência a ondas telúricas. Ou o caos metropolitano. Ou a modernidade. Ou a geometria variável da urbe- aqui mais física.


“ Urb” : pintura – José Dias

06 março 2007

Plastic surrealistic world

Cercado por opas, manifestações e corrupções; saturado pelas gordas que saltam das bancas de revistas e jornais; em pleno curto-circuito com a tal caixinha mágica que vomita Prós e Prós de Fátimas, estados das artes de Portas, entrevistas encomendadas a Judites, conversetas sem surpresa na já de si mais que improvável quadratura do círculo dos sempiternos comentadores de serviço…tudo me acicata vontades de partir!
Mesmo no nono andar onde passo algumas horas do dia, o tal clique que nos pode absorver e motivar, parece não querer dar sinais.
À medida que a sensação do efémero se vai definitivamente instalando, os contornos do teatro social onde decorre esta peça trágico-cómica, vão-se tornando mais nítidos.
Se ao menos este pedaço de rectângulo se desagregasse, cumprindo o desígnio da jangada de pedra, à deriva pelo mar à procura do sol e das palmeiras…

02 março 2007

Uma outra cadeira


Hoje não "ofereço" a cadeira do poder…
A cadeira é outra, é de Vincent Van Gogh!
Um dos traços que é possível descobrir na sua trajectória de artista, é a crescente presença da luz na sua pintura. Isto foi acontecendo à medida que a sua Holanda natal ia ficando cada vez mais para trás, rumo ao sul mediterrânico, a Arles.
Como mudara a sua pintura desde o sombrio “Potato Eaters”…

“The Chair and the Pipe” - 1889

01 março 2007

A cadeira do poder


A crise na CML parece ter entrado na espuma dos dias. O seu inefável presidente sorri novamente, a oposição já não fala em eleições intercalares…

E agora, mãos à obra, que a “Operação Limpeza” vai começar. E o momento, sendo de cosmética, há que convocar os media. Mostrar aos munícipes menos esclarecidos que as taxas e impostos que pagam, são bem aplicados. Ooops! É grande o Amor pela Cidade, o compromisso, a dedicação à causa pública, em suma. Ooops!
E eis que Carmona Rodrigues volta a arregaçar as mangas, voltando ao seu slogan de campanha:
- Vamos a isto.
A publicidade ilegal nas paredes, um gravíssimo(!) problema que tem vindo a retirar qualidade de vida à cidade e aos munícipes, parece ter assim os dias contados. O senhor Carmona é realmente um homem às direitas: não pactua, de todo, com ilegalidades!



Publicidade
Ilegal
Clandestino
Ilegal
Marijuana
Ilegal

28 fevereiro 2007

O mercado


Ecos do Forum para a soberania alimentar terminado ontem no Mali, um desafio ao mercado selvagem:

A segurança alimentar defendida pela FAO consiste em garantir uma alimentação suficiente por via do comércio, explica Jean-Marc Desfilhes, coordenador internacional do Fórum e membro da Via Campesina. Mas isso não funciona; hoje, 850 milhões de pessoas sofrem com a fome, sendo a sua grande maioria composta por camponeses. A soberania vai mais longe, ela implica o direito de proteger a produção e o mercado agrícolas interiores das importações.

Nós por cá, pensando em voz alta…
UMA das vantagens do funcionamento do mercado global é o de proporcionar ao consumidor produtos que não sejam produzidos localmente, em quantidade ou em variedade. Ganharão também os produtores dos países exportadores que apresentem a melhor qualidade/preço.
O problema surge quando os produtores de um determinado país abandonam a produção local, ou seja, a partir do momento em que o seu mercado começa a ser inundado pelos mesmos produtos, mas agora com preços arrasadores. Enfim, uma consequência da maior tecnologia dos exportadores, e também, da subsidiação à exportação que os respectivos estados proporcionam.
A recente revolta das famosas “ tortillas”, ou da falta delas, teve (tem) como base a contingência da dependência da produção de milho a que o México chegou, outrora auto-suficiente.

A fome, além de poder levar à morte, terá obviamente consequências imprevisíveis: desertificação, migração, concentração, sobrepopulação, desequilíbrios sociais e ambientais.
O salto da liberalização do mercado para o mercado selvagem deve ser rejeitado com veemência.
Nunca é demais lembrar!

27 fevereiro 2007

Ídolo


O desenvolvimento ininterrupto da produção não arruinou o regime capitalista em benefício da revolução. Arruinou igualmente a sociedade burguesa e a revolucionária em benefício de um ídolo que tem o focinho do poder. Como é que um socialismo, que se dizia científico, pôde assim esbarrar nos factos? A resposta é simples: ele não era científico. ( trad. livre)


Albert Camus: “O Homem Revoltado “ ( a revolta histórica )

26 fevereiro 2007

Para onde vamos?

Foi criada mais uma empresa pública: Parque Escolar, EPE!

Já todos percebemos que há serviços do Estado que não funcionam, que estagnaram, muito por culpa da má gestão que foi sendo regra nas últimas décadas. Porque as direcções -quais comissariados políticos- mais preocupadas na salvaguarda dos seus interesses próprios, fomentaram muitas vezes uma cultura de irresponsabilidade; porque houve funcionários que se foram demitindo dos seus deveres. Poderia ter-se chamado a esta paz apodrecida, o pacto da conivência.
O liberalismo ao máximo, a responsabilidade ao mínimo!

Neste e noutros casos, e no meu entender, o governo deveria encontrar outras soluções que não esta da criação de mais empresas, ditas públicas, porque de capitais públicos:
1º - reestruturava os respectivos serviços do Estado, dimensionando-os efectivamente para funções de regulação e fiscalização;
2º - entregava à actividade privada, mediante concurso público e em moldes que garantam qualidade, as actividades que normalmente são consideradas como de prestação de serviços. Concessões perfeitamente definidas por um prazo e devidamente fiscalizadas.

Ao contrário do que é proposto, os serviços do Estado continuarão numa espécie de limbo, sem funções claras, redundantes, e é criada uma empresa pública. Não será uma tal empresa mais uma “janela de oportunidade” para clientelas partidárias (o risco é evidente!), que ao se afastarem do foco benefício-custo no erário público, deixarão de ter verdadeiro interesse social?

23 fevereiro 2007

O estado das coisas(2)

L. é quadro de um laboratório nacional que já foi referência, professor convidado de uma universidade, autor de vários trabalhos publicados, colaborador a nível individual de estudos de especialidade. A mediocridade que o sistema fomenta foi-o afastando daquela que deveria ser a sua principal actividade. Para uma gaiola. Diz ele que está a pensar em cobrir com jornais, e totalmente, a vidraça do seu gabinete no laboratório! Sendo a sua presença ou ausência perfeitamente indiferentes, votado ao esquecimento, percebe-se o seu desabafo. Kafkiano, pois!

Quando o sistema se queria aberto, funcionando como aquele dos vasos comunicantes, nada disso. Fecha-se. A angústia da perda do “ lugarzito” do chefe tacanho, falará mais alto. Os obstáculos à divulgação da informação, erguem-se. Nada disto é comparável ao que se observa em departamentos ou laboratórios de créditos reconhecidos, citando só alguns americanos, como o RRI, USACE, USDA…

Sem reformar as mentalidades, quais os resultados das reformas? Sobre as mentalidades das pessoas, é difícil agir; no entanto, é possível impedir a perpetuação da mediocridade. Assim queira a classe política…
Mesmo quando não haja erros de casting, a mudança não é só saudável; acaba mesmo por ser uma necessidade!

22 fevereiro 2007

Sim ou Não?

Não deveríamos mostrar-nos tão críticos
Entre o sim e o não
Não há tanta diferença como isso.
Escrever numa folha em branco
É bom
Mas não menos bom é dormir e comer à noite
A água fresca sobre a pele o vento
Os fatos bonitos
O ABC
Defecar.
Falar de corda em casa de enforcado
É contrário à boa educação
E marcar no meio do lixo
Uma nítida diferença entre
A argila e o esmeril
Não parece conveniente.
Ah,
E quem fizer alguma ideia
Do que é um céu estrelado
Esse
Pode muito bem calar o bico.
B.Brecht

21 fevereiro 2007

O estado das coisas (1)

Quando o governo arrancou para este mandato, o projecto de reformas em vários sectores, a urgência de moralização da vida pública, foram ideias que arrastaram incondicionalmente muitos apoiantes. A implementação de uma cultura de meritocracia que se ia finalmente perfilando, animava muita gente.
Mas eis que o tempo vai passando…E a mensagem levada pelo vento, foi-se perdendo. Hoje vejo descrédito em quem acreditou em melhores dias, mesmo daqueles que votaram neste executivo.

F. é o exemplo do professor do ensino secundário que se deseja. Lecciona geometria descritiva e disciplinas das áreas de artes, interessado, com paixão pela educação ( onde é que já ouvi isto? ), com iniciativas meritórias e interessantes para os seus alunos. Como aquelas de convidar para as suas aulas, para conversa e debate com os alunos, pessoas de mérito mais que reconhecido. A pintora Graça Morais, por exemplo.
Hoje, F. está em processo de desaceleração na educação. Desencanto. A sua atenção está a ser predominantemente dirigida para a actividade empresarial: abertura de um espaço com música e multimédia, na sua cidade. Conclusão: haverá obviamente menos “ atenções “ para os alunos…

O sistema público actual acaba por reduzir as expectativas aos seus bons elementos. A avaliação do mérito num país ainda dominado pela força “ do cartão partidário” e pela subserviência, gera desconfianças, retirando plenitude àquilo que deve ser a verdadeira cidadania.

20 fevereiro 2007

Carnival


Para alguns, o Carnaval dura uns dias. Para outros, dura um ano inteiro. Ou pela máscara, ou pela folia. Já a “ Band” cantava em tempos: Life is a Carnival…
Cantem e dancem, que eu hoje vou aproveitar o vento agreste para ir a ver o mar.

18 fevereiro 2007

O estrangeiro

A EPF de Lausana, tal como a sua irmã gémea, a “ Hochschule” de Zurique, não são conhecidas somente pela excelência do ensino e investigação. É possível travar conhecimento e mesmo amizades com pessoas de diferentes nacionalidades e culturas, sendo assim mais uma forma de enriquecimento do espírito de quem por aí passa.
Lembro Fouad, marroquino acabado de chegar de Fez e colega de estudo de pós-graduação na EPF em Lausana, quando começou a ir a minha casa. Quando comecei a conhecer os contornos do islão, a ouvir falar do momento em que aconteceu a grande cisão bíblica, na sua versão... Lembro que, no princípio, pela tardinha e em calhando, perguntava-me se não me importava que ele fizesse a sua oração na minha casa. Claro que não! Lavava as mãos, procurava o ocaso, ajoelhava-se naquela posição curvada e rezava. Uma vez riu-se a bom rir, em plena oração, quando o meu filho pequenito, ao vê-lo naquele propósito, se baixara também e lhe perguntara se estava com dores de barriga. Nessa altura, ele (ainda) só bebia chá. Às vezes íamos a cafés onde não se vendem bebidas alcoólicas, bebíamos chá e esgrimíamos uma partida de xadrez. Até houve um dia em que me convidou a entrar na mesquita, para que eu conhecesse aquele lugar.
Constituiu alguma surpresa para mim, quando ouví um árabe perguntar-me se tinha discos de Bob Dylan e Neil Young. Mas foi também com ele que descobrí a frenética música marroquina e o couscous.

Quando o conhecimento mútuo já era maior, a famosa batalha de Alcácer Quibir veio à conversa.
O tempo foi passando e ele acabou por integrar-se, dando maior dimensão àquele que já era um grupo verdadeiramente multicultural.
Havia no entanto um tema que gerava contraditório e discussão entre nós: Khadaffi – o dos velhos tempos. Não porque ele o visse como porta-estandarte do islão; era sobretudo, porque Khadaffi personificava a afirmação cultural árabe… Só que Khadaffi também era conhecido pelo terror, noutros tempos.

Já não nos vemos há alguns anos, o que poderá vir até a acontecer em breve…De vez em quando tenho uma dúvida: será que Fouad apoia a existência e a acção da Al Qaeda? Ou concordará ele comigo na necessidade de extirpar Bush e Laden, de forma a preservarmos as nossas individualidades?!

16 fevereiro 2007

Dark Side


O dia acordou, cinzento! Nuvens negras por aqui, e por todo o lado. A estacionariedade climática parece ter desaparecido, até novo equilíbrio, nova população.

15 fevereiro 2007

O processo

Se, para concluir, voltarmos uma vez mais à descoberta do ponto arquimediano e o aplicarmos, como Kafka advertiu que não o fizéssemos, ao próprio homem e ao que ele está fazer neste planeta, torna-se imediatamente evidente que todas as suas actividades, vistas de um ponto de observação suficientemente remoto no universo, pareceriam não actividades, mas processos, de modo que, como disse recentemente um cientista, a moderna motorização pareceria um processo de mutação biológica no qual o corpo humano começa gradualmente a revestir-se de uma carapaça de aço.


Hannah Arendt – “ A Condição Humana “

14 fevereiro 2007

A rua


Há alguns anos lí uma curiosa entrevista com um sociólogo sueco que fazia um trabalho académico em Portugal. Na referida entrevista ele abordava aspectos que resultavam de simples observação, tirados dum dia a dia vivido entre nós. Dizia ele que as cores da roupa que as pessoas trajavam, eram dominadas pelas tonalidades escuras. Ainda sobre o assunto, adiantava ele: “ As pessoas ficam perturbadas se vêem um jovem na rua com um penteado eriçado, ou alguém que traja umas calças amarelas ou vermelhas. No entanto, aceitam com naturalidade, como se fosse normal, ver pedintes e deficientes nas ruas ou no metro… “
Não me parece que as constatações feitas pelo sociólogo sueco tenham perdido a actualidade. Aliás, se ele voltasse hoje, descobriria novos inquilinos na “ selva urbana “: os arrumadores.
Repugna-me a miséria! Incomoda-me a atitude complacente dos poderes e até de pessoas!

12 fevereiro 2007

Equilibrem-se, pois!


Ver a globalização estritamente no âmbito económico, como oportunidade de incremento comercial e de fluxos financeiros, subalternizando povos e pessoas, e até o próprio ambiente, é manifestamente contraproducente para uma civilização deste princípio de século. Ninguém é indiferente a erros já cometidos, havendo uma “sensação global” de que é necessário arrepiar caminho…A frieza dos números reais só vem mostrar que é urgente mudar!

Sabe-se agora, que em 2006, a China falhou nos seus objectivos para reduzir a poluição, dado que dois indicadores-chave aumentaram em mais de 1%. As emissões de dióxido de enxofre aumentaram 1.8%, atingindo as 463 000 tons; o consumo de oxigénio na água, tendo aumentado 1.2%, atingiu as 173 000 tons.

As principais fontes de poluição atmosférica em dióxido de enxofre são as centrais termoeléctricas a petróleo ou carvão e as fábricas de ácido sulfúrico, enquanto que o excessivo consumo de oxigénio na água fica a dever-se à eutrofização do meio.

A China, país que em 2002 ratificou o Protocolo de Quioto, ostentando um “milagroso” crescimento económico da ordem dos 10.7%, mostra assim, o reverso da medalha.

Nunca é demais lembrar!

11 fevereiro 2007

Liberdade de escolha: SIM

Foi o combate da cidadania contra a indiferença, da participação contra a inacção! Uma imensa minoria alcançou uma vitória política de grande significado!

No entanto…a lei do referendo deve ser mudada. Não se compreende a razão pela qual a abstenção possa restringir, podendo desvincular a escolha saída dum qualquer referendo, enquanto o mesmo critério não se aplica a eleições autárquicas e legislativas.

10 fevereiro 2007

Alvor

- Está?
- Sim, sou o Ben.
- Aonde estás? – perguntei eu, no meio da chamada inesperada.
- Estou de férias, em Alvor, cá em Portugal…

Conheci Ben quando ele ainda era um jovem médico, em missão de cooperação num país a sul do Trópico de Capricórnio. Acabada essa missão, ele passou a exercer medicina do trabalho no seu país, algures na Europa mais a norte. Foi desde que travámos conhecimento que começou a estabelecer-se uma amizade que perdura até aos dias hoje, apesar da distância. Depois daquele telefonema, a possibilidade de nos encontrarmos em Portugal, onde ele passaria uns dias de férias, era uma boa oportunidade para pormos a conversa em dia. E assim aconteceu.
Marcámos encontro. No dia previsto encontrámo-nos então numa esplanada à beira-mar. Ben apareceu na companhia de S., mulher que ele dizia amar e com quem vivia há vários anos. Eu estava acompanhado por E., minha companheira, ela que também já conhecia Ben. Lembro-me que S. trazia consigo um livro da Anaïs Nin. A primeira impressão que tive dela, foi a de uma mulher alta, atraente e descontraída. Depois das apresentações, sentámo-nos, conversámos, bebemos cerveja, rimos de peripécias que tínhamos vivido em tempos. Mais para a tardinha, o calor tórrido que se fazia sentir com o mar ali por perto, tocava campainhas, dando sinal ao corpo que era chegada a hora de mergulho refrescante.
Refrescámo-nos. Viemos até à areia. A boa disposição era evidente no rosto de cada um destes veraneantes. Sentámo-nos os quatro na areia, apreciando o momento.
Com o seu jeito peculiar, comunicante, e naquela forma aberta em que a amizade se constrói, Ben vira-se para mim e diz:
- Sabes qual é a profissão de S.?
- Pensei que era enfermeira…- disse eu.
- Não, não é…
-….?
- É prostituta.
- Sim?! Como se conheceram? – perguntei eu, surpreendido.
- Através do trabalho…
- No teu trabalho?
- Não, no trabalho dela…
Rimos espontaneamente. Afinal, o epílogo do diálogo suplantara a surpresa da novidade...



09 fevereiro 2007

Estilografia


Um dia, um dos nossos escritores a quem eu censurava escrever livros de êxito e nunca se escrever, conduziu-me diante de um espelho. “ Quero ser forte, disse ele. Olhe para si. Eu quero comer. Quero viajar. Quero viver. Não quero transformar-me num estilógrafo”.
Um vime pensante! Um vime padecente! Um vime a sangrar! É isso. Em suma, vou chegando a esta verificação sinistra: por não ter querido tornar-me literato, transformei-me num estilógrafo.

Jean Cocteau – “ Ópio “

08 fevereiro 2007

Chove em Lisboa

Chove em Lisboa, e bem! Notam-se algumas caixas abertas. Por onde passo observo escorrências e lamas oriundas de uma zona verde mais declivosa, que atravessam a rua. Zonas verdes com insuficiências na consolidação, com drenagem pluvial deficiente, projectadas em cima do joelho.
A cidade não olha para si, anda decididamente por “outros terrenos”…

07 fevereiro 2007

Libero

Quando escrevo, nem sempre ouço música. Por outro lado, nem toda a música de que gosto me serve neste processo de desatar as linhas. Hoje sou acompanhado por um pianista que me foi dado a descobrir através dum disco duplo. O disco intitula-se Köln Concert; esse pianista vibrante chama-se Keith Jarret.!

Hoje não quero falar especialmente de música, mas de um filme que ví há dois dias.
“ À beira do precipício “ é uma história dramática, na esteira de um certo realismo italiano, realizado por Kim Rosi Stuart. A história de um pai que tem que gerir a vida dele e a do casal de filhos, Tomás e Viola, depois da partida da mãe para parte incerta. Uma mãe, tão bonita quanto insegura, que tenta retornar a casa e juntar-se ao clã familiar, mas cujo regresso acaba por ser um falhanço. Um regresso perturbador num equilíbrio aparente. É também a história de uma mulher que nunca teria desejado ser mãe. É uma história de vidas e emoções à flor da pele. Sem culpados!
O verdadeiro “ herói “ acaba por ser o pequeno Tomás. No diálogo final, que dá o título original ao filme -“ Anche libero va bene “, ele concorda com o pai: no futebol também ele não se importaria de jogar a libero, solto, sem posição definida…
Tal como no futebol, será assim na vida: quem não gosta de ser libero?!

06 fevereiro 2007

A saga



O país parou há já algum tempo, quase abortou, suspenso a um powerpoint onde sobressaem duas meninas dos olhos, absolutamente esmagadoras, por isso polémicas: Ota e TGV.
Entretanto, a polémica está adiada. O TGV foi agulhado para um apeadeiro para dar prioridade à IVG.

Se o “ Sim” não passar, haverá novo desvio, novo compasso de espera.
É que o “ Não ” surge agora com ideias novas, a do “ soft punishment”. Uma espécie de ressocialização ou de reeducação das mulheres, através de trabalho comunitário. Um purgatório! A fazer lembrar os campos onde um chamado socialismo foi farol. Enquanto isso, o acto do aborto, obviamente clandestino, continua.

Que saga! Assim não vejo meio de apanharmos o comboio…

04 fevereiro 2007

Viver simplesmente

À medida que o domingo ia avançando e o ocaso do fim-de-semana se aproximava, ia-se instalando em mim, um certo vazio. Nem sei como se instalou. Talvez reduzido a essa realidade inexorável do tempo, que faz dias e faz noites, marés e estações do ano e por aí fora, mas que volta sempre ao princípio…
Esta estranha sensação tida durante muito tempo, tem vindo, pé ante pé, a desaparecer. E as perspectivas para hoje, domingo, são boas! A pretexto de ir buscar uma máquina para rasterizar diapositivos, vou a Sintra, visitar amigos, daqueles que têm muitas estrelas. A casa do T., amigo de infância, e da Io.
Antes do encontro lá para a tardinha, aproveito para dar um passeio a pé lá pela zona. O final da tarde será para o reencontro, para a conversa, para os néctares, brindando à saúde da amizade e da vida.

02 fevereiro 2007

A história

Os revoltados que querem ignorar a natureza e a beleza, estão condenados a exilarem-se da história que eles querem fazer de dignidade do trabalho e do ser.


Albert Camus- O Homem Revoltado ( revolta e arte )

01 fevereiro 2007

Caparica


A sã convivência no espaço, do Hotel **** e da vivenda abarracada,

OU

A inércia proveniente duma intrínseca cultura do “empurra”, do ambiente para a autarquia, da esquerda para a direita, que a ordem é arbitrária.


E o mar ali tão perto!

31 janeiro 2007

Livres na escolha

Há mulheres que não desejam ter os filhos porque simplesmente não têm condições económicas para que eles possam ser criados e educados de forma digna. Outras há, em que essa recusa assenta na falta de substrato mais sólido, em que o embrião aparece no meio de uma relação fortuita, ocasional. Ainda há aquelas que não querem ser mães, naquela fase das suas vidas em que a fecundação acontece. E existirão ainda aquelas que definitivamente não querem ser mães, nunca…

Num outro plano, há aquelas mulheres que jamais poderiam recusar aquele feto que trazem na barriga, por convicções morais ou religiosas.

O “ Sim “ à pergunta formulada no referendo é a resposta que vai de encontro à liberdade individual. Haverá sempre a possibilidade de fazer o aborto, haverá também a liberdade para não o fazer!

Finalmente livres e donos do destino! E responsáveis. A viver neste tempo. Afinal, este “ Sim” enquadra-se perfeitamente nesta sociedade que tem feito do individualismo a sua bandeira, em que cada um é deixado à sua sorte ou ao seu azar.

30 janeiro 2007

Dia cinzento

O dia acordou cinzento, ensonado. Como eu. Preciso urgentemente de tomar um duche e beber um café. Enquanto posto estas linhas, vou acordando lentamente ao som de " My Funny Valentine " de Chet Baker.
Paisagem ( pintura ) - José Dias

29 janeiro 2007

Alívio

Há um ano atrás, era assim:

K7 na flat,
Com drives e motherboards,
Wellcome eme ai ti

Ao choque tecnológico
A warrants e mais spreads,
Que o outsourcing é já aqui

Seis meia-dúzia seis
Agora divida por 2
Diga 333

É tudo tão simplex!
______________________

A publicidade satura, cansa. E nós estamos cansados. E este executivo também dá sinais de cansaço. A tal ponto, que o Simplex 07 abandonou a ideia do spot do “ número redondo de medidas “, da mediática campanha de apresentação do 06. Alívio!

28 janeiro 2007

Animal

Porque só quando fodemos é que tudo aquilo de que não gostamos da vida e tudo nela que nos derrota é puramente, ainda que momentaneamente, vingado. Só então estamos mais limpamente vivos e somos mais limpamente nós mesmos. A corrupção não é o sexo, a corrupção é o resto.

Philip Roth – “ O Animal Moribundo

26 janeiro 2007

Em duas rodas



Para escapar à atmosfera pesada que cobre actualmente a cidade de Lisboa, onde sobressaem “odores pestilentos”, com incidência nas proximidades da CML, lembrei-me de colocar o portátil numa mochila, e correr alguns riscos: agarrar na bicicleta, pedalar entre autocarros e carros e dirigir-me para um extremo da cidade.
E a memória levou-me para longe…

Para Amsterdão, onde estive no final do ano que passou. Há quem lhe chame a Veneza do Norte, pelo reticulado de canais que apresenta. Os canais e as bicicletas serão sempre um ex-libris daquela cidade. Outro aspecto que também me chamou a atenção foi a organização do espaço de circulação, de transporte e pessoas. Nas vias mais importantes, a faixa central é destinada aos tramways. A partir do eixo, e para cada um dos lados da via, com elementos de descontinuidade, aparecem então, sequencialmente, as faixas para os carros, as ciclovias, e por último, os passeios para os peões. Cada macaco tem o seu galho, pensei eu!

25 janeiro 2007

Instante zero

Decidí voltar a escrever nesta blogosfera de muitas coisas boas e outras menos.
Como acontece na maioria dos blogues, a actualidade acaba por dominar os conteúdos nesta esfera virtual, reflectida em espelhos múltiplos e diversos. À imagem de cada blogue.
Foi então que pensei para mim: posso sempre escolher outros espelhos para reflectir a actualidade...Este, será um espaço para escritas intemporais, com desenhos a várias dimensões, a cores ou a preto e branco, de coisas da vida, de tantas vidas.
Assim foi, assim será!