14 março 2007

Sexo, mentiras e farsa

Há dias encontrei por acaso a doutora MR, naquele almoço rápido e típico do come-em-pé, que diga-se de passagem, não é o lugar mais agradável para encetar qualquer conversa.
A doutora MR - estamos em Portugal – é uma jurista de uma instituição de que o marido já foi vice-presidente, ainda numa altura em que havia alguma decência no preenchimento de lugares de responsabilidade. O marido já é reformado, ela para lá vai caminhando, é o que me disse. Talvez por estar em plena fase final da sua vida activa, conversou comigo de forma aberta, em jeito de balanço. A simpática senhora falou de um presente nada abonatório, onde a politiquice e o caciquismo são os valores que fazem a lei…Dizia ela: “ Há hoje pessoas ( broncos) que têm posições de direcção, que não sabem alinhavar um parecer ou desenvolver uma ideia numa folha de papel A4” . E interrogava-se ela: “ Como é que a avaliação de desempenho na horizontal (!), duma colega minha, foi determinante para lhe valer a excelência e a progressão na vertical? “
Ora, a mim, o que me tocou, foi de ouvir tais considerações, vindas de uma pessoa que tenho como idónea, que não é esquerdista ou sindicalista, comunista ou bloquista, rótulos que hoje são imediatamente colados a alguém que faz um comentário parecido, que possam constituir um grão para a engrenagem montada neste meio gelatinoso.

De facto, a cara MR tem toda a razão. O sexo tem o seu espaço próprio, até tem mesmo um mercado de trabalho…Sabemos da importância da libido, e não só pelos estudos de Freud, de como o sexo é determinante para a saúde pública.
Porém, misturar sexo com trabalho, sexo com progressão, é gozar com o pagode!

Bebi o meu cafezito, comí o pastel de nata, despedi-me e saí. À medida que ia andando, pensava para os meus botões: há gestores que nem sabem o que isso é, mas mesmo que soubessem, nunca precisariam de utilizar a programação linear.