20 março 2007

A cidade das pessoas

Com tantas viagens por esse mundo fora no passado, e também, pelos movimentos migratórios mais recentes, é natural que esta terra já tenha um cheirinho a melting pot de culturas.
Por vezes ouço histórias que envolvem pessoas de diferentes nacionalidades, de Cabo Verde a Moçambique, da Índia ao Leste, que se misturam e convivem, ou pelo trabalho ou pela sua vida social.
S., que trabalha numa IPSS, conta-me que após as férias, é frequente receber presentes daquelas pessoas que revisitam os seus países de origem. Presentes feitos de coisas simples, como o de uma peça de artesanato ou o de um pacotinho de caju torrado, uma recordação das suas terras.
Há dias, S. dizia-me: amanhã vou almoçar uma cachupa, feita por uma trabalhadora originária de Cabo Verde, para a qual está convidada toda a equipe do nosso local de trabalho. Para completar o convívio, não faltará também quem traga sobremesas e outras iguarias, adiantou ela.
Mas quando eu lhe perguntei, dias mais tarde, “ então, como foi a cachupa? “ , S. sorriu e disse-me que tudo não tinha passado de uma partida, ao jeito do Carnaval…A cachupa simplesmente não aparecera para saciar o apetite dos convivas presentes, ao contrário das sobremesas e iguarias que não faltaram!
No entanto, a brincalhona autora da partida, não quis deixar os seus créditos por mãos alheias. E para não defraudar ninguém para lá do espanto geral, encontrou uma solução na hora: dirigiu-se a um take away, comprou refeições e voltou para o local de trabalho onde finalmente se desenrolou a comezaina.
No meio do repasto improvisado e em plena cavaqueira, a autora da partida deixou no entanto uma promessa: logo que possa, vou mesmo fazer a cachupa!