21 fevereiro 2007

O estado das coisas (1)

Quando o governo arrancou para este mandato, o projecto de reformas em vários sectores, a urgência de moralização da vida pública, foram ideias que arrastaram incondicionalmente muitos apoiantes. A implementação de uma cultura de meritocracia que se ia finalmente perfilando, animava muita gente.
Mas eis que o tempo vai passando…E a mensagem levada pelo vento, foi-se perdendo. Hoje vejo descrédito em quem acreditou em melhores dias, mesmo daqueles que votaram neste executivo.

F. é o exemplo do professor do ensino secundário que se deseja. Lecciona geometria descritiva e disciplinas das áreas de artes, interessado, com paixão pela educação ( onde é que já ouvi isto? ), com iniciativas meritórias e interessantes para os seus alunos. Como aquelas de convidar para as suas aulas, para conversa e debate com os alunos, pessoas de mérito mais que reconhecido. A pintora Graça Morais, por exemplo.
Hoje, F. está em processo de desaceleração na educação. Desencanto. A sua atenção está a ser predominantemente dirigida para a actividade empresarial: abertura de um espaço com música e multimédia, na sua cidade. Conclusão: haverá obviamente menos “ atenções “ para os alunos…

O sistema público actual acaba por reduzir as expectativas aos seus bons elementos. A avaliação do mérito num país ainda dominado pela força “ do cartão partidário” e pela subserviência, gera desconfianças, retirando plenitude àquilo que deve ser a verdadeira cidadania.