09 fevereiro 2007

Estilografia


Um dia, um dos nossos escritores a quem eu censurava escrever livros de êxito e nunca se escrever, conduziu-me diante de um espelho. “ Quero ser forte, disse ele. Olhe para si. Eu quero comer. Quero viajar. Quero viver. Não quero transformar-me num estilógrafo”.
Um vime pensante! Um vime padecente! Um vime a sangrar! É isso. Em suma, vou chegando a esta verificação sinistra: por não ter querido tornar-me literato, transformei-me num estilógrafo.

Jean Cocteau – “ Ópio “